Literatura | Gospel | Pequena Reflexão | João 13,38.

Em verdade, em verdade te digo: o galo não cantará antes que me tenhas negado três vezes” (João 13, 38). No mistério da Paixão de Cristo, contemplamos a fraqueza da natureza humana, quando um discípulo vende Jesus por 30 moedas de prata e O nega quando Ele mais precisa: “Eu não conheço este homem”.Pedro é aquele mais entusiasta da fé, aquele que, com voz mais forte, proclama tantas vezes que dará a sua vida por causa de Jesus, mas, na primeira provação, no desafio mais concreto, a sua natureza perece e ele nega o Senhor, a quem prometeu todo o amor do seu coração.Sabe, meus irmãos, nós não estamos aqui para atirar pedras em Pedro, em Judas nem em nenhum daqueles que fracassaram e erraram, porque fazemos parte desta mesma estirpe. Nós somos discípulos de Jesus cercados de fraquezas e limites; e, muitas vezes, temos tamanha dificuldade para testemunhar o nosso amor a Cristo Jesus.Há negação, traição, falta de disposição, vontade de voltar atrás; há vontade de seguir o Senhor, mas de outro jeito, sem comprometimento. Quantas vezes, comprometemo-nos a dar o melhor de nós para Deus, mas nossa natureza simplesmente enfraquece!Nós nunca podemos nos considerar “super-heróis” da fé, colocar-nos em cima do pedestal e nos sentirmos exemplo e modelo para os outros. Nós nunca podemos desprezar a fragilidade da nossa natureza.Eu já vi pessoas testemunharem Jesus a vida toda, mas, no fim dela, o testemunho perecer. Já vi tantas pessoas entusiastas da fé, julgando, condenando e falando com dureza aos outros, para, em seguida, as próprias obras o levarem a perecer. Não é para ninguém desanimar ou simplesmente viver sem testemunhar; pelo contrário, é um alento para que todos nós abracemos nossa fé, numa total dependência da graça de Deus, porque sem Ele não somos nada, vamos perecer, deixar de testemunhá-Lo e negá-Lo.Com Ele, com a Sua graça, já é difícil muitas vezes! Não adianta nos iludirmos, dizer que quem está com Jesus não cai nem tropeça. Nós, muitas vezes, iludimo-nos quando estamos cheios da graça de Deus e fraquejamos, contratestemunhamos, tornamo-nos insípidos e duros com os outros.Muitas vezes, caímos na aridez da alma e do coração, não para desanimarmos na fé, pelo contrário, para nos submetermos mais ainda a Jesus, à Sua ação em nós, e para entendermos com mais clareza o quanto necessitamos de Deus!