O
cego Bartimeu é para nós o protótipo de todos aqueles que vivem à
margem da vida, buscando luz para o coração, luz para sua vida, a
possibilidade de enxergar o que humanamente não se consegue ver. A
nossa compreensão de cegueira não pode ser limitada apenas a uma
cegueira física, ainda que esta tenha muito a nos dizer.O cego não
consegue enxergar a luz do dia, o que está a sua frente. Ainda que
tenha tato e sensibilidade, a possibilidade de ver não lhe é
permitida, a luz não penetra seus olhos, tudo enxerga na penumbra. É
preciso buscar uma luz para compreender as realidades que estão ao
seu lado. Quando esse cego foi curado, passou a enxergar plenamente,
não só a si mesmo, mas tudo o que estava ao seu lado.Às
vezes, olho-me com os dois olhos, enxergo a frente e atrás, mas,
muitas vezes, não consigo enxergar o que está dentro de mim, não
consigo enxergar as realidades mais sensíveis que estão ao meu
lado. E vejo muitas pessoas com deficiência visual, tendo
sensibilidade e possibilidade de enxergar muito mais longe do que
eu.A luz do alto, a luz de Cristo, vem a todos os corações que se
abrem à verdade. Esse cego do Evangelho desejou muito ver a verdade:
‘Mestre, que eu veja!’ E a fé dele o curou.A
nossa fé precisa nos levar a um passo adiante, para enxergarmos o
que não conseguimos, para que a luz de Cristo inebrie mais a nossa
mente, o nosso coração e não fiquemos fechados, obcecados com o
que já conhecemos, com o que sabemos, pois tudo diante da
grandiosidade da luz de Cristo ainda é muito pequeno. Peçamos:
Senhor, que eu veja o que ainda não consigo enxergar; que,
sobretudo, eu consiga enxergar as realidades mais profundas do meu
próprio coração e da minha própria existência. Senhor, dai-me
olhos para ver as necessidades daqueles que estão meu lado, dai-me
olhos para enxergar muito além do meu egoísmo, além da minha visão
limitada de mundo, de racionamento. Senhor, abrais os meus olhos como
abriu os olhos do cego Bartimeu, eu também desejo enxergar com os
Teus olhos!