Literatura | Gospel | Pequena Reflexão | Lucas 12,15.

"Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens” (Lucas 12,15). A riqueza da Palavra de Deus, neste domingo, leva-nos, em primeiro lugar, à sentença inicial do Livro de Eclesiastes: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade” (Eclesiastes 1,2).
Se prestarmos atenção à nossa própria vida, vamos perceber o quanto somos vaidosos, o quanto nos aplicamos e nos determinamos para ter isso e aquilo, mas, depois de um tempo, aquilo que queríamos muito torna-se desprezível, sem valor nem importância. A própria beleza, à qual nos aplicamos em ter, adquirir e cuidar é também vaidade. Até digo que “vaidade” é aquilo que vai com a idade. Muitos não querem nem que a idade chegue, que avance e assim por diante. Que beleza saber que os anos avançam, que a nossa vida começa quando somos crianças e chegamos a ser homens e mulheres adultos! O que não podemos é fazer da nossa vida um mar de vaidades! A primeira das vaidades é a cobiça. Cobiçamos isso e aquilo, e a cobiça se transforma na ganância do ter e do poder, a ganância de possuir coisas! O que levamos da vida? Nenhuma das vaidades! Não levamos o corpo bonito que cultivamos nem a aparência que temos sobre nós. Não levamos nem o batom que passamos na boca! Eu sei que, até na hora de morrer, a pessoa quer ficar bem arrumadinha – é direito dela –, mas, no fundo, vamos para o mesmo lugar e seremos ossos do mesmo jeito. O que vai ficar? Aquilo que semeamos de bem, de bondade e generosidade. Ficará a graça de Deus, que nunca morre e nos transforma para a eternidade. As vaidades nos afastam, muitas vezes, da graça de Deus, do Seu Reino, de sermos bons para com os outros. Porém, a generosidade e os valores evangélicos permanecem para sempre! Trabalhemos para ter o melhor da vida, entretanto, esse “melhor” não são os bens que adquirimos ou possuímos, mas o bem vivido e praticado, a generosidade estampada em nossos atos e atitudes. Isso nem a morte poderá roubar de nós!